Minha casa não é só uma casa

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Na pandemia, minha casa virou  um refúgio, um abrigo subterrâneo, só que de mim própria.
Sou um satélite girando ao redor de minha casa.
Meu anjos de presente da eucaristia me encaram,colhem o resto de  minha inocência que os anos moldaram.
Meus livros me cobram para serem lidos.Os que já foram lidos estão enciumados , na prateleira, de cara fechada.
Nasceu um outro mim.
Portas não são só portas.
Janelas não são só janelas.
Cama não é só cama.
Ressoam vozes que se perdem no ar.
Memórias vão e vêm feito fantasmas brincalhões.
-Você estão na melhor parte de suas vidas.-disse meu pai, quando tinha 18 anos.
13 anos no apartamento novo.
Olho para a mesa com cinco lugares, mas dois sobram.
Nada será como antes.Mas será melhor, penso.
Maturidade e paciência vêm de sobremesa com a idade.
Pego garfo, faca, colher.Copo na frente, prato atrás.
Monto a mesa como sempre.
E mesmo assim parece um sonho.

 

26/01/2021

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