A verdade  que corre

Lembro-me que, em certo estágio no Caps durante a faculdade, fiquei marcada pelo grau de delírio que vi em certos pacientes.
Desde os que diziam que viam tigre até os que saiam nus com um balde na cabeça.
Andava junto com meu grupo de colegas.Havia um paciente esquizofrênico que começou a nos ameaçar.A um certo ponto, tivemos que nos trancar na sala da administração. Perturbado batia insistentemente na porta,bradava ameaças e nós assustadas e  trancadas do lado de dentro, sem saber o que fazer.
A um certo ponto ele se afastou e eu escutei : corre!
Corremos com toda velocidade até a porta e a batemos com força para fecha-la.Foi o último dia no Caps.
A verdade faz isso com a gente.Nossas verdades nos assustam, nos rondam, batem na porta da nossa consciência querendo entrar.
Jung dizia que as pessoas fazem o inacreditável para negar seu lado sombra.
A verdade quer se acomodar do nosso lado, como um convidado indesejado.
A verdade que corre no sangue junto com a dor, a vergonha, o medo.
Se fugimos dela, ela ruge como um paciente enlouquecido, querendo chamar a atenção.
Contudo se a acolhemos, se a aceitamos, se a escutamos, se a tratamos, ela se torna uma amiga e aliada.Não é mais uma ameaça que nos repugna.
A verdade corre maratonas solitárias dentro de nossa mente.Estamos sós na arquibancada.
Quando ela atravessa a linha de chegada, nós que ganhamos

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